Finalizado - Orta

Seguia ao sul, com passos largos, mãos escondidas entre os panos da minha vestimenta, cabeça erguida, buscava desviar de qualquer pessoa que aparecia a minha frente, um passo mais ao lado esquerdo, outros dois para direita, assim ia investindo até o local designado, eis que chegava a uma bifurcação, direita ou esquerda, parava aos poucos, e logo seguia pela esquerda, muita movimentação em um lugar só, apenas viria a demorar minha passagem. Seguia calmamente.

Chegaria finalmente na casa, orta, que seja, essa que por sua vez tinha um cercado ao seu redor, era um lugar normal, sem muitas expectativas, parado ainda na frente, ficava a observar o local, focando na orta em si, essa que pairava sobre um pequeno punhado de terra, não visualizava problema algum, pelo menos daquela distância. Voltava o meu olhar para a casa, percebendo na varanda um alguém, estaria essa(e) a balançar em uma cadeira, colocando a mão sobre os minha testa, de modo que protegesse dos raios solares, optaria por melhorar minha visibilidade, tentando assim identificar se era um homem ou mulher, possivelmente seria a própria dona da residência, em consequência, balançava minha mão esquerda, de modo que chamasse a atenção da pessoa na varanda. - Hey, vim para o trabalho! - Ao dizer aquilo, tentava encontrar alguma portinhola ou até mesmo um espaço aberto, para assim entrar nas proximidades da casa, seguia ao encontro da pessoa.

Me aproximando da casa, olhava pra orta, visualizando o trabalho que me fora imposto, agora poderia ver mais nitidamente, a orta estava em péssimos estados, continuava minha caminhada até a senhora, que por sinal falava algo irrelevante. - Pode onde começo? - Cruzando o braço esperava por mais informações, não saberia como cuidar de uma orta, ainda mais prejudicada de tal maneira.

Atento ao que a senhora dizia, ficava a encarar a horta, não sabia o que fazer e como prosseguir, e olhando para a horta, dava para perceber que a plantação de alface teria problemas mais sérios com os fungos. - Então, eu não faço a mínima ideia de como arrumar sua horta, não sou um especialista ou algo do tipo, que isso fique bem claro, no entanto gostaria de saber como à senhora efetuou o plantio, sei lá, tem alguma maneira caseira para regar? Cultivar? Enfim, a senhora entendeu... - Após tais perguntas me aproximava da horta, ia de encontro ao cogumelo mais próximo, ajoelhava e o arrancaria, tentando entender o processo que o mesmo faria para voltar a nascer, feito isso, levantava e seguia pela trilha atento na plantação, verificava as alfaces, tentava distinguir qualquer coisa entre eles, coloração escura, mais clara, qualquer coisa poderia identificar o mal daquela terra.

Percebia que os vegetais não teriam tanta iluminação, bem, sabia algumas curiosidades a respeito da fauna, e uma dessas é que a luz solar é útil para o processo de crescimento da maioria das plantas, e nesse caso, pouca luz solar viria a atrasar quaisquer plantações, com isso em mente, buscava identificar a fonte de sombra para com aquela horta, tentando também entender o ciclo que o sol faria. Dava mais atenção ao problema dos fungos em si, optando por não prestar tanta atenção na plantação de tomato.

Com o cogumelo agora em minhas mãos, via desse sair um líquido pegajoso, um tanto curioso, voltava à atenção para a senhora, que por sua vez, dizia que tal horta era simples, sem muitas especialidades, e olhando pra essa voltava a fazer perguntas. - Quantas alfaces você plantou? - Virava olhando para a horta uma vez mais, continuando sem dar tempo para a mesma se pronunciar. - Por que a meu ver, parece que está demasiado cheio sua pequena horta... Bem, as alfaces precisam de maior iluminação, principalmente em suas raízes, a senhora plantou demais, estão tampando a vinda dos raios de sol, acarretando a umidade do solo, parece que os fungos se favoreceram do ambiente, escuro e molhado. - Não sabia se estava certo, muito pelo contrário, fora minha primeira impressão sobre aquilo tudo, no entanto estava convicto do que falava com a senhora. - Acho que precisaria replantar, caso queira alfaces sem fungos, os demais estão possivelmente perdidos. - Concluía o meu falatório, assim sendo jogaria o cogumelo fora, logo a frente na trilha, limpando minha mão que estaria suja a seguir, ainda de costas para a senhora permanecia, esperando a decisão dessa.

Parecia que a senhora estava a par da situação, ao menos esperava, dizia algo sobre o hokage, não ligava muito, ela por sinal indicava a localidade das ferramentas que usava para a horta. - Humph! - Era um pouco chato trabalhar para uma senhora, a mando de alguém com maior autoridade, porém seria necessário, fechava a cara no mesmo instante, automaticamente, logo após partia em direção ao cesto, passava pela trilha observando a plantação, era certo que teria que tirar toda plantação de alface, os fungos e talvez tivesse até que trocar a terra, ao menos não teria que repudiar os tomates, não demoraria muito para chegar ao cesto, de imediato verificava os itens que teria naquela ocasião, pegaria logo algo parecido com uma pá, uma ferramenta não qual pudesse retirar as plantas com facilidade, levaria essa com minha mão dominante, e com a outra, carregava o cesto em si, não deveria estar muito pesado, outrora foi uma senhora que plantou com esses equipamentos.

Estaria na extremidade da trilha, próximo ao portão, o sol da tarde era forte, batia em meu rosto, logo começava, pelo lado esquerdo, ou o lado direito da casa, cerca de dez, vinte alfaces, colados um do lado do outro, não tinha tempo a perder, com a ferramenta em mão, começaria a retirar todos os pés de alfaces, um por um, cuidadosamente e precisamente, buscando retirar não só as alfaces, como também os cogumelos, fungos e derivados, colocaria esses colhidos na trilha, era certo que iriam amontoar-se acolá, porém continuava com o trabalho, fazendo em ambos os lados, incessavelmente.

Passando a mão sobre a testa, tirava o melaço de suor que dominava minha cara e boa parte do meu corpo, as marcas do esforço que fizera com a plantação era nitidamente visível, poças de suor escoariam do meu corpo, além das marcas de poeira e terra em minhas vestes, deixando a entender que trabalho havia começado, mas ainda estava longe de acabar, com a respiração ainda ofegante tentaria formular frases, porém nada sairia da minha boca, olhava para senhora, essa que por sinal estava em seu conforto, balançando em sua cadeira. - Ei... *cof cof*... Ei, você, me dê água! - Com certa dificuldade, tentaria pedir ajuda da dona senhora, esperando logo em seguida, antes de continuar com o trabalho pesado. - Sabe, a terra, está arruinada, precisara trocar toda essa merda. - Ainda esperando por um copo d’água ou o que fosse, colocaria a mão na testa, protegendo-o meu rosto do sol, balançava minhas vestes, de modo que fizesse pequenas ventanias internas, refrescando um pouco do meu corpo.

Visualizava cada passo da senhora, e após ver a mesma fazendo tamanho esforço jogava a pá, que ainda estaria em minha mão, aos pés dessa, pegando a água e a enxada em consequência, bebia um primeiro gole d’água, chacoalhando esse em minha boca, engolindo a seguir, logo após colocava o restante em minha boca, finalizando, entregava o copo a essa senhora novamente, e voltava ao meu trabalho, começava pela esquerda. Primeiro escavaria pelas bordas da horta, retirando as gramíneas, pedras e entulhos, retirava-os completamente, para então ter uma terra limpa, podendo então não haver mais fungos em sua base, a seguir usaria a enxada que fora me dado, quebrava o solo, cerca de vinte centímetros, fazendo com que misturasse toda a terra, buscava também retirar os detritos que encontraria abaixo do solo, fazia aquilo em ambos os lados, não deixando qualquer lugar desfavorecido, logo após procuraria por um rastelo, talvez não o encontrasse por ali, deixando a desejar de suas propriedades, não pediria ajuda para a senhora, não gostaria de incomoda-la uma vez mais, talvez essa caísse, embolando em suas pernas e morresse, não queria ser o responsável por aquilo, porém caso o encontrasse, fazia-o trabalho na terra, deixando o mais fofo, e com mais espaços para a fixação das sementes, caso não encontrasse faria com a pá e também usaria de minhas mãos, cavando o local designado por mim.

Mas aquilo não se baseava em apenas alguns minutos, talvez horas deveriam bastar para sua conclusão, e embora nenhuma ajuda, gostaria de fazer tal, sozinho, continuava até seu termino, deixando para colocar as sementes no final, ia de encontra com a cesta, buscaria ver quais sementes teria, antes de planta-las.

Segurava uma cartela de sementes, possivelmente de alface, e agora com o solo arado só restava concluir com tais, uma por uma colocaria em seu buraco, tinha a ajuda de uma pequena pá, que facilitava as coisas, no entanto, dessa vez deixava certo espaçamento entre as alfaces, para não ocorrer o mesmo problema, deixava cerca de dez alfaces em cada lado da plantação, terminando a tarefa, jogava a pá aos cantos da horta, logo batia ambas as mãos, tirando então a terra dessas, ia de encontro com a senhora, em sua varanda olhava fixamente nos olhos. - Está feito. - Cruzaria então meus braços, esperaria por fim quaisquer ordens de retirada daquele lugar.

Finalmente teria acabado, algumas horas árduas embaixo do sol, trabalhando pesado em cima de um monte de terra, eis a vida que um genin levava, bem, ao menos não estaria fazendo algo irrelevante, além do mais a senhora ainda me entregava uma sacola de dinheiro, algo como uma bonificação, mas que inocente, sorria diante dela, um sorriso esquisito talvez, minhas primeiras moedas, mal poderiam esperar para torra-las todas, enfim, pensamentos entravam e saiam de minha cabeça, mas estava na hora de me retirar dali, com apenas um acenar de mão, despedir-me-ia, andava pela trilha uma última vez, passando pelo portão logo estaria fora daquele local, logo me via andando em direção ao prédio do hokage, com passos calmos e longos.